A pandemia trouxe diversas mudanças em nossa rotina. Diversas organizações precisaram, de forma urgente, alterar a forma de trabalho. Para muitas não foi uma escolha fácil, foi necessária análise, planos de ação, tomadas de decisões e organização dos processos para que a máquina não parasse e não houvesse impacto nas finanças e lucratividade. É perceptível que algumas organizações aprovaram o sistema novo e devem seguir dessa forma, mas será que todas estão bem com essa escolha? E os profissionais estão felizes e adaptados? De que forma essa mudança abrupta impactou a vida dos colaboradores? Sua casa, antes seu refúgio, virou escritório, sala de aula para os filhos, os clientes entraram em sua sala, cozinha e quarto. Até que ponto isso está confortável? Claro que alguns profissionais curtiram e estão super bem com essa nova forma de trabalho, alguns já até utilizavam periodicamente. Contudo, urge que as empresas ouçam seus pares e entendam o quanto essa mudança pode ou não ser positiva em sua produtividade e sanidade mental e física.
Creio que essa transformação veio para ficar, todavia é importante que tenhamos momentos de interação com as pessoas do trabalho, para não perdermos a empatia, o contato humano, que é o que nos torna sociáveis e compreensíveis com as funções dos outros nos ambientes organizacionais.
Muitas organizações estão economizando com esse modelo home office, contudo é importante compreender a diferença entre Home e Teletrabalho. A principal característica é que o home office é realizado de forma eventual, como um modelo híbrido, dias em casa e outros no escritório, loja, fábrica ou o que caracteriza a organização. Segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho o teletrabalho é um ofício que utiliza tecnologias e se faz em outro local que não no ambiente da empresa contratante. É regulamentado pela Lei 13.467/17, sem controle de jornada e faz-se necessário um acordo mútuo e formal em contrato de trabalho. Embora a legislação não seja clara sobre a obrigatoriedade de fornecimento e equipamentos e demais estrutura para a execução do trabalho, a interpretação é que deve haver um acordo entre as partes. Mas será que os gestores estão por dentro das necessidades dos seus colaboradores? E esses, por sua vez, têm voz nas organizações?
Qual o papel do RH nessa intermediação e negociação? O que acham de uma pesquisa com seus colaboradores para entender as dores e amores, as facilidades e dificuldades? Nesse momento pode ser bem-vinda.
O modelo híbrido pode ser o futuro das organizações, que podem locar ambientes para reuniões. Acredita-se que os espaços coworking será uma grande tendência e a aposta poderá trazer grandes contribuições nas interações dos profissionais. Contudo, é fundamental ouvir seus pares e analisar se a estrutura está preparada para seus colaboradores e, ainda, se atende às necessidades e se impactará nos objetivos da organização.
Márcia Reis
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