A pandemia mostrou a fragilidade e dificuldade das relações organizacionais que há muito tempo é perceptível, e como se adaptar às mudanças no que tange à autonomia e confiança de seus pares é essencial. É notório que diversas organizações precisaram confiar e dar autonomia aos seus profissionais, mas será que estão organizadas para isso?

Esse foi um período ímpar e atípico sem precedente que não tínhamos a menor noção de como agir e quais ações tomar. Centenas de organizações não possuíam um plano contingencial que visasse essa forma de trabalho, e foi preciso um plano emergencial para atender aos clientes e parceiros e não deixar de operar em suas diversas áreas. Incontáveis empresas precisaram fechar suas portas ou interromper suas operações, criando novas estruturas para planejar e colocar suas equipes trabalhando remotamente quase que a toque de caixa!

Tempos difíceis, mas importantes para tirarmos lições e aprendizados para mostrar que tão importante quanto ter objetivo é estar atendo ao cenário, boas práticas e planos contingenciais. Controlar processos para melhorias contínuas e flexibilidade para saber o momento de mudar, assim como aprender a ouvir as experiências de seus pares no processo de redesenho e reengenharia de processos.

Estamos há quase dois anos nesse processo de adaptação e constantes desafios e percebe-se que grande parte das organizações estão mais fortes e seus profissionais precisam de atenção e cuidados. Será que as organizações estão olhando para o capital humano, que é seu mais importante ativo, com o devido cuidado e atenção?

O distanciamento social impactou nas relações informais que ocorrem dentro das organizações, enfraquecendo laços e vínculos, sendo comprovado que sentir-se parte e aceito é um fator motivacional, que por vezes acaba fortalecendo a estrutura e transformando a ligação emocional e racional nos ambientes laborais com ganhos no comprometimento que refletem em desenvolvimento organizacional.

As fragilidades descobertas durante esse período trouxeram à tona fatores como romantização de excesso de trabalho, falta de confiança ou apoio de líderes, dificuldades com tecnologias e sistemas, plataformas com falhas e dificuldade de acesso às conexões de internet, entre outras lacunas observadas ao longo desse período que impactam na saúde mental dos profissionais.

A organização tem pesquisado, ouvido ou buscado as lacunas ou obstáculos que seus pares enfrentam? Quais ações sua organização tem feito para acolher e equacionar as dificuldades observadas?

Faz-se urgente olhar para os recursos mais importante que as organizações possuem, o capital humano requer valorização, cuidado e um olhar mais apurado dos gestores e da área de gestão de recursos humanos, na observação das mudanças comportamentais, bem como as alterações de perfis técnicos voltados para metas, performance, indicadores e que podem ser impactados pelo ambiente interno ou externo.

É fundamental iniciar um planejamento vislumbrando um ambiente pós-pandemia, observando quais os cenários prospectivos e projetivos, bem como as transformações que ocorrem no ambiente socioambiental e de que forma a organização pode adotar estratégias para os futuros desafios que se apresentam. Quais os impactos esse mundo pós-pandemia repercutirá em seus colaboradores e qual a forma de acolher e ressignificar o ambiente laboral. Cuidar também é responsabilidade da organização. Para ser antifrágil[1] é preciso usar as dificuldades como mola propulsora e se permitir olhar as mudanças como oportunidades!

Márcia Reis

[1] Conceito de Nassim Tabeb – Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos

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