Não se engane. O Compliance ou Programa de Compliance não é apenas para grandes empresas. Pequenos e médios negócios podem, também, se beneficiar com a sua implementação.

Ainda que um Programa de Compliance tenha como principal finalidade prevenir e detectar condutas ilegais e promover uma cultura que encoraje o cumprimento da Leis e uma Conduta Ética (SERPA, 2016), ao longo do processo, para sua definição, as empresas naturalmente acabam por identificar os seus gargalos, ou seja, aquilo que está atrapalhando a eficiência dos negócios.

Isso porque, o primeiro passo para a definição do Programa de Compliance é conhecer profundamente o negócio para se estabelecer os riscos a que a empresa está sujeita e, a partir daí orientar quais instrumentos e ferramentas adotar para, se não for possível eliminá-los, trabalhar para ao menos minimizá-los.

E dentro dessas ferramentas, pode-se trabalhar a implementação de controles gerenciais.

Os controles gerenciais estão, na sua essência, relacionados ao acompanhamento do negócio e à sua evolução. Afinal, a máxima da Gestão é clara em determinar que “o que não pode ser medido, não pode ser gerenciado”. E, estamos falando aqui da criação de controles orientados para todas as áreas que se mostrarem especialmente relevantes para o negócio, como financeiro, vendas, pessoal, operacional, etc..

Mas, daí você pensa: para ter todos esses controles gerenciais preciso de softwares caros.

O uso de softwares é interessante sim, principalmente para os negócios já um pouco maiores. Contudo, hoje existem muitas opções e com valores bastante acessíveis, com acesso pela própria internet. Mas, ainda assim, pode nem ser necessário. Tudo depende do negócio.

Costuma-se falar que para um negócio de carrinho de hotdog, bastaria um simples caderno e caneta para seus controles. Nele daria para, por exemplo, fazer o controle das compras, prazo de validade dos produtos, horário de funcionamento da operação, volume e receita de vendas e contas a pagar.

Mas, qual a relação disso com o Compliance? Ainda utilizando o exemplo mais simples do carrinho de hotdog, associa-se esses controles a alguns dos riscos desse negócio:

O que aconteceria se o dono do carrinho do hot-dog não tivesse comprado salsicha suficiente para sua operação do dia? Você simplesmente não vai ter como operar completamente naquele dia. Daí a importância do controle de compras.

E o risco de você oferecer um produto estragado e causar um problema de saúde nos seus clientes? Se essas pessoas associarem o problema de saúde ao seu negócio, você vai perder os seus clientes, além de correr o risco de encarar uma ação judicial pleiteando uma indenização. O controle de prazo de validade ajudaria a minimizar esse problema.

E mais um, para concluir, qual o risco de você não pagar suas contas em dia? Você poderá ter seu nome colocado no Cadastro de Inadimplentes e perderá crédito para aquele investimento, tendo em vista a troca do carrinho por um food truck para, por exemplo, expansão do negócio. E esse risco pode ser praticamente eliminado com um controle do contas a pagar.

Assim, conforme comentado acima, ainda que tradicionalmente se pense normalmente em controle apenas como forma de se acompanhar a evolução do negócio, ele também pode ser usado para eliminar ou minimizar riscos, dentro de um Programa de Compliance.

Dessa forma, ao longo da implementação de um Programa de Compliance, de forma bastante orgânica, ao serem estabelecidos controles gerenciais, as empresas são ajudadas a ganhar mais e a perder menos.

Referências:

SERPA, Alexandre da Cunha. Compliance Descomplicado, um guia simples e direto sobre Programas de Compliance. Amazon. 2016.

Monica Bressan

Leia também:
https://ledonnectd.com.br/compliance-e-sua-relacao-com-a-cultura-organizacional/