Segundo o Art. 170 da Constituição Federal, toda atividade econômica deve respeitar a função social, promovendo o bem-estar coletivo e a justiça social. Isso significa que toda empresa, independentemente do porte ou setor, tem uma função social inegociável: gerar valor não apenas econômico, mas também humano. E isso começa dentro de casa, com o cuidado com as pessoas.

Nos últimos anos, o “S” do ESG — que representa o pilar social — tem ganhado força, especialmente diante da crescente preocupação com a saúde mental no ambiente de trabalho. A atualização da NR-01, que passou a exigir a identificação e o gerenciamento de riscos psicossociais no PGR, reforça essa responsabilidade. A saúde mental, antes tratada como um tema sensível ou secundário, agora é reconhecida como um risco ocupacional que precisa ser mapeado, monitorado e prevenido.

A responsabilidade social das empresas não se limita a projetos externos ou ações filantrópicas. Ela se manifesta na forma como a organização cuida de seus colaboradores, promove ambientes saudáveis e garante segurança psicológica. Investir em ações como rodas de conversa, escuta ativa, treinamentos de liderança, canais de compliance anônimos e políticas de acolhimento não é apenas uma boa prática — é uma demonstração de coerência com os princípios constitucionais e com a agenda ESG.

Empresas que integram a saúde mental à sua estratégia de sustentabilidade fortalecem sua reputação, atraem talentos, reduzem custos com afastamentos e aumentam a produtividade. O “S” do ESG exige ação, coerência e responsabilidade. E começa com uma pergunta simples: como estamos cuidando das pessoas que cuidam do nosso negócio?

Para se organizar, é importante começar com um diagnóstico claro: mapeie os riscos psicossociais com apoio técnico especializado. Em seguida, estruture um plano de ação com metas realistas e indicadores de acompanhamento. Crie um comitê interno multidisciplinar para acompanhar as iniciativas, envolva a liderança desde o início e mantenha uma comunicação transparente com os colaboradores. Estabeleça uma rotina de escuta ativa, promova treinamentos contínuos e garanta que os canais de denúncia e acolhimento sejam acessíveis e confiáveis. A organização começa com intenção, mas se sustenta com consistência.