O Dia Internacional da Mulher surgiu em 1909 nos Estados Unidos. A escolha foi em homenagem às mulheres que protestaram em 1857 em Nova York, reivindicando melhores condições de trabalho e igualdade em um evento denominado a “Marcha das trabalhadoras”, que ensejou em um incêndio resultando na morte de diversas mulheres.

Na atualidade, 167 anos depois, ainda vemos que a luta está de terminar, visto termos uma longa jornada considerando que essa diferença ocorre de forma estrutural.

Nossa cultura é dedicada a nos ensinar a sermos produtivas e reprodutivas. Desde o nosso nascimento, aprendemos a importância de sermos cuidadoras, recebemos brinquedos para cozinhar, lavar, cuidar de bonecas e por aí vai. Nenhum problema até aqui, mas nossas escolhas vão se limitando a servir e colocar os outros em primeiro lugar.

Claro que algumas fogem à regra… e está tudo certo, assim como outras gostam dessa posição e não vejo problema algum. Contudo, sempre me pergunto se tivéssemos outras opções ou fossemos presenteadas com carrinhos, kits de profissões, bolas, raquetes, entre outros brinquedos que são dadas aos meninos o que seria diferente em nossas escolhas?

E mais ainda, o julgamento e olhar das outras pessoas seria diferente? Acredito que sim, pois culturalmente não haveria o brinquedo de menina e tampouco de menino. Nos colocarem em caixinhas é um fardo bem grande e que muitas carregamos ao longo da vida, resultando no desenvolvimento de traumas e relações de dependência e subserviência, onde por vezes até nos anulamos como mulher, profissional e pessoa.

Como é possível mudar essa história? Primeiro cuidando dos danos já causados, sendo a terapia uma poderosa ferramenta para auxiliar no autoconhecimento, quebrar paradigmas, descobrir nossos desejos e auxiliar no autogerenciamento de nossas emoções.

Criar nossas crianças de maneira mais igualitária pode ajudar nas próximas gerações, fazendo assim reduzir a desigualdade que vemos no mercado profissional. Áreas que são massivamente dominadas por homens e que não somos bem-vistas ou pior, onde sofremos assédio moral e sexual, podem ser melhoradas e este comportamento hediondo pode ser liquidado.

Vemos que nas áreas das engenharias, ciências, tecnologias da informação, construção civil, entre tantas outras foram, ao longo dos séculos, ocupadas por homens, e que ao tentarmos ocupar essas funções diversas sofremos a pressão da sociedade ou a frase “isso não é para você”, da mesma forma que diversos homens vivenciaram esse preconceito ao desejarem se tornar cozinheiros, enfermeiros, esteticistas, e algumas outras funções reservadas pela sociedade para mulheres.

Cada pessoa tem o direito de fazer escolhas e nós mulheres não somos diferentes, porém para isso a sociedade precisa criar cidadãos menos julgadores e sim, mais incentivadores, principalmente entre nós mulheres.

A sororidade é a irmandade entre mulheres que se cuidam, se apoiam. É a prática da cooperação, acolhimento, empatia e respeito com outras mulheres, algo raro, mas que tem se popularizado felizmente.

Pode até parecer cliché, mas o lugar da mulher é onde ela almejar, conquistar e se estruturar para manter-se ali. O Dia Internacional das Mulheres é apenas um lembrete das lutas, conquistas e sofrimento que algumas passaram para que pudéssemos ao menos falar sobre a igualdade de escolhas e oportunidades.

Seguimos crescendo e nos desenvolvendo em busca de desenvolvimento pessoal e profissional, onde sem dúvida a jornada ainda é longa, mas traçamos os primeiros passos ao buscarmos formações, graduações, especializações e cursos que nos preparem como profissionais para as mais diversas áreas, sejam essas que requeiram mão de obra física ou intelectual. Friso que todas precisamos ter a igualdade de oportunidades, remuneração e respeito em nossas escolhas.

Márcia Reis